Há, entretanto, quem consiga fazer poesia com riqueza e possibilidade plena de alcance, tanto para leitores mais letrados quanto para os menos pródigos de cultura. É o que denominamos poesia bela e simples. A simplicidade aqui referida não sugere superficialidade. Diz respeito à linguagem fácil, clara, com linha direta de comunicação com as competências do sentir – alvo central do universo dos versos, rimas e estrofes!

Nesse sentido, um exemplo de experiência literária bem-sucedida é a obra de Luiz Valle, eternamenteviva.com – “O Endereço da Vida Eterna“. Sem se deixar cair na armadilha da falsa simplicidade e valendo-se do misto de prosa e poesia, o autor apresenta um romance ficcional muito bem engendrado, desenvolvido e narrado com admirável mestria, preservando aquilo que aqui nos cabe  exemplificar: a linguagem ao acesso e ao gosto de leitores das mais diferentes camadas culturais.

A estrutura de um romance é a organização narrativa que define a disposição dos elementos da história ao longo do texto. Geralmente, um romance segue um formato básico composto por introdução, desenvolvimento e conclusão. Em eternamenteviva.com, Valle se comporta de forma convencional na introdução da obra, estabelecendo o cenário, apresentando as personagens principais e o conflito central. No desenvolvimento, entretanto, conduz o leitor por caminhos intrigantemente criativos, ao elaborar o conflito, introduzir subtramas e desenvolver as personagens. E, ao chegar à conclusão, em vez de se contentar com  uma resolução satisfatória para o conflito principal e eventualmente para as subtramas, encerrando a narrativa de forma coerente, ele inova: ultraja a curiosidade do leitor e o incita a manter a obra viva e dinâmica pós-leitura.

Com “O Endereço da Vida Eterna”, Valle dá vida criativa e harmônica aos elementos da estrutura do romance, sobretudo pela forma como pega o leitor pela mão e generosamente o conduz ao espírito da poesia e ao núcleo da alma dos poetas.